21 de dezembro de 2009

Nerd X Geek

Não! Não é uma batalha homérica. É só uma comparação. Quase que uma definição. Imprecisa, mas é.

Nerd todos sabem o quê é; o cara caxias, boas notas, às vezes meio bobo, curte jogos, tecnologia, internet, ler, descobrir coisas inúteis e ficar discutindo sobre elas. Estuda (coisas sérias) com prazer e curte falar sobre o que estudou. Decora metade das histórias e mundo dos quadrinhos e acha aquilo o máximo.

Geek é a mesma coisa. A diferença é que consegue pegar mulher.

Escutei isso neste fim de semana e achei genial! As coisas fizeram sentido na minha cabeça. Não que isso vá mudar minha vida, mas vai lá: é legal poder se rotular, não?

Mas, crianças, não vão responder isso na prova da escola! Afinal, quem garante que o nerd (ou geek) aqui não manipulou os conceitos?

4 de dezembro de 2009

Laura disse 7

Em algum lugar de Brasília, em frente ao Ed. Flamboayant:

- Adoro este nome! Lembra comida flamboiada. Quando vai ter strogonoff, hein?

19 de novembro de 2009

Kingdoms Meeting

Quertzacoalt`s out to Asgard for a meeting, after all it`s almost 2012.

While it`s out, try some good music:



The videoclip is pretty lame (and maybe the lyrics). But the music acustic itself is amazing!

Be back soon.

12 de novembro de 2009

Laura disse 6


- Acho que nunca vou conseguir tirar carteira e poder dirigir. Sou muito descoordenada. Nunca vou passar no teste psicodélico.

31 de outubro de 2009

Falando pelos cotovelos

Quem fala o que quer, ouve o que não quer.

O curioso é que quem fala para o outro ouvir (outro = quem falou o que queria) também está falando o que quer. Portanto, a regra também se aplica a ele, que, logo logo ouvirá o que não quer.

Ok. Beleza.

E quem perguntou?

16 de outubro de 2009

Falando Direito: Vigência

Pense o seguinte: Você tem uma gatinha (o animal, não a moça gostosa). Linda! Branquinha com detalhes cinza no pêlo macio e sedoso. Olhos azuis, da cor do céu e narizinho perfeito, pequeninho e achatado. Um verdadeiro mimo! Graciosidade pura! Uma Fofura! O nome dela é Mimi.

Certo dia (vamos dizer que hoje mesmo), você dá pela falta de Mimi. “Onde está minha linda gatinha?”, pergunta-se. Começa a procurar e, pela janela, avista-a atravessando a rua em direção a um gato (o animal, não o moço saradão) tão impecavelmente bonito e gracioso quanto Mimi. O nome dele é Dengo.

Centímetros antes de Mimi encontrar seu amado amante Dengo (eles estavam no cio e por isso Mimi fugiu), vem um caminhão a mil por hora e passa por cima da gatinha. “Ploft”! Sobra só o tapete felpudo encardido de sangue e marca de pneu.

Pronto! Supondo que você ganhou a gata de presente de aniversário em outubro de 2000 (bebezinha recém-nascida naquele mesmo mês), neste exato momento podemos dizer que Mimi vigeu até hoje (sim! "vigeu”, do verbo viger e não “viveu” do verbo viver – apesar de também funcionar no contexto).

Isso significa que ela fez tudo o que tinha pra fazer até aquele momento e produziu todos os resultados que podia produzir: cavou a caixa de cocô e derrubou tudo no chão, arranhou todo o sofá, ronronou no seu colo e te fez sorrir, entrou na geladeira e comeu o salmão que era para o almoço de domingo com os amigos, desfiou o terno do vovô, derrubou o pato de cristal que foi presente da sogrona... Dali em diante não vai fazer mais nada. Acabou. Cest fini! “Caput”! The end!

Em outras palavras, Mimi teve vigência de outubro de 2000 até agora, período no qual produziu todos os efeitos possíveis no mundo real. Considerando que você está lendo este texto em outubro de 2009, a bichana vigeu 9 anos. (Se for depois, por favor, faça as contas).

Com os pactos (contratos, convênios, termos, acordos e afins) é a mesma coisa. Assim como Mimi possuem vigência, que é o período no qual a avença produz efeitos hábeis no mundo jurídico. Ou melhor, DEVEM possuir (porque tem uns manés que conseguem se esquecer disso). Entenda-se: trata-se de cláusula obrigatória, mesmo que seja para assentar que a vigência é por tempo indeterminado.

Uma vez atingido o seu termo, cessa, de imediato, a produção de qualquer efeito pelo cumprimento de uma condição resolutiva (o prazo), mantendo-se válidos aqueles produzidos quando da vida do pacto (o sofá vai continuar arranhado e o terno do vovô desfiado mesmo com Mimi morta). Tudo bem que no caso da gata foi uma condição resolutiva superveniente, imprevisível e por motivo de força maior – o cio e o caminhão que eram mais fortes do que a pobre da gata.

Assim, posso dizer, grosso modo, que a vigência é a vida do contrato. Quando chega a data estabelecida para o seu término ele morre e ponto final. É extinto por completo e, por conseguinte, cessam-se seus efeitos a resguardam-se os já produzidos.

A única coisa que pode complicar um pouquinho quando se tratam de avenças é que o decurso da vigência é apenas UM dos mecanismos hábeis para extingui-las. Existem ainda a quitação, revogação, rescisão, cessação, nulidade e/ou anulabilidade.

Quer dizer... Se bem que no caso da Mimi eu poderia defender que existiriam outras formas de pôr fim da bichinha (afogamento, forno microondas, salto da janela sem páraquedas...). Mas não vou dizer não. Desconfio que já tem um monte de amantes/simpatizantes de gatos tentando descobrir qual é o meu endereço... Mas ainda que existentes, eles não constam de um rol exaustivo como ocorre com os contratos. Pense assim para decorar, "ó": para matar gatos, o céu é o limite! Para matar contratos não.

Agora o legal é o seguinte: como estamos tratando de extinção de alguma coisa, basta ocorrer UMA causa de extinção para terminar a coisa por completo, certo? Logo, se uma das possíveis se concretizou, não há que se levantar a hipótese de ter sido outra (a não ser que seja caso de nulidade/anulabilidade, mas não vamos complicar!), afinal, a coisa não existe mais, certo?

Então para quê diabos perguntar se é possível rescindir um contrato que teve sua vigência terminada??

Dizem que quem responde uma pergunta com outra pergunta é um perfeito idiota. Bom, neste caso, serei um idiota: Para “cessar os efeitos” da gatinha atropelada, você pode (é eficiente?) pegar o "tapete felpudo encardido de sangue e marca de pneu" e jogar pela janela do 23º andar?

A merda do contrato morreu!!! (Note a intercambialidade dos vernáculos! Ali você também pode ler gato no lugar de contrato). O que mais tem de ser explicado?

Agora, com licença, que vou brincar com o meu gato!


PS – A SMM – Sociedade Miau Miau – informa: Nenhum animal foi maltratado ou ferido durante a produção deste texto. (Espero...)

14 de outubro de 2009

60 - 10 = 50


"O Sertão vai virar mar. O mar vai virar Sertão."

Infelizmente, o assunto não é tão poético quanto a obra de Moacir Scliar.

Hoje ouvi no rádio que a partir de 2011 parte do abastecimento de água de Brasília virá do Lago Paranoá.



Obviamente fiquei de cabelos em pé e descontente por completo com a notícia. Os motivos para o descontentamento são diverso e, por enquanto, não vou me aprofundar no mérito. Parece óbvia (mas não razoável) a medida, já que a estação de Águas Emendadas, o Manancial do Torto e complexo do Descoberto (para não falar dos lençóis freáticos perto de Sobradinho) estão completamente comprometidos com esse crescimento desenfreado da Capital.

Não é de se estranhar que a tímida reserva que tínhamos não será suficiente para abastecer 5 (no mínimo) novos bairros/quadras/setores habitacionais. Sem falar no tanto de obras predatórias (mas também não vou dizer nada acerca disto - a indignação é tanta que chega a ser difícil organizar as ideias) que destroem a capacidade regenerativa do ciclo da água (lembram disso das aulas de Biologia?).

Ao invés de tudo isso vou contar uma historinha:

Há um tempinho (talvez pouco mais de 10 anos), durante uma aula de Geografia no Colégio Militar, estudando justamente a rede hidrográfica do DF, estava com o livro aberto na mesa e as 3 principais fontes abastecedoras circuladas.

(À época já se falava em crescimento desenfreado e problemas de qualidade de vida. Imagine-se agora! Detalhe: falo como se parecesse uma eternidade, né? Pois bem. Para mim parece.)

Voltando... 3 principais complexos de abastecimento. Levantei a mão e afirmei (talvez essa tenha sido uma das afirmações mais incisivas que fiz em toda época de estudante - mais até do que quando na faculdade):

- Professor, com esse crescimento todo Brasília vai virar um deserto. Quer dizer, PODE virar. Mas é uma probabilidade muito, muito grande! Ela não pára de crescer, não foi concebida para esse tanto de gente, e o governo atual não pára com a política expansionista (e duvido que os demais mudem isso - é o que dá voto)!! Logo, é mera questão de tempo para o raio dela atingir os mananciais. Uma vez que isso ocorrer, não teremos de onde tirar água. Vai virar uma cena meio que apocaliptica - uma cidade fantasma, deserta, como nos filmes. A Capital prometida do Juscelino vai ter de migrar, tal como os emigrantes que para cá vem, daqui terá de sair. Se continuar como está, dou 50 anos. 60, no máximo, para isso acontecer.

É claro que um monte de gente riu. E não tem problema! Eu era mestre em rir dos comentários bestas dos outros. (Mestre em sugerir que quem tivesse atrapalhando a aula fosse retirado de sala também - inclusive eu, verdade seja dita, quando a aula não me interessava eu saía para não trapalhar os demais. Mas isso fica para outra postagem).

O professor respondeu que era uma possibilidade muito remota. Não era trágico assim como eu estava colocando. Havia como remediar, etc.

Pois bem. Passaram-se 10 anos e cidade continua a crescer (e se houvesse interesse teria como impedir isso). Neste meio período, o governo e governantes ficaram silentes quanto às fontes abastecedoras de água da cidade o tempo todo. Hoje ouço que recorrerão ao Lago Paranoá para abastecimento. Acredito que se o fazem é porque não tem outra alternativa (lembram do livro de Geografia que comentei ali em cima, né?). A que vamos recorer depois?

Então, se a medida de recorrer ao Lago acontece agora, 10 anos depois da "previsão esdrúxula", pensemos o seguinte: na melhor das hipóteses 60 - 10 = 50. Na pior, 50 - 10 = 40. Sim. 50 ou 40 anos e nada mais de água para nós, candangos.

E aí, tem alguém rindo agora?

Laura disse 5

Saindo de Águas Claras. Chuva torrencial, bocas-de-lobo entupidas e bueiros transbordando.

- Nossa, que cheiro horrível!!! Deve ser o Lago [Paranoá]...

???

25 de setembro de 2009

Super Star!

Entrou absoluta na sala. Postura transpirando confiança. Jogava os longos cabelos (eram apliques) de um lado para o outro enquanto andava. Busto farto e empinado destacado pelo cinto elástico preto por cima da blusinha branca justa, com botões levemente cor-de-rosa.

Tinha cabelos negros, mas, agora, estava loira. Continuava morena, mas nem tanto - há tempo não tomava sol (o que piorava pelo fato de carregar o rosto com pó - não sei que tipo de pó, só sei que era pó).

O nariz era pequenininho, gracioso, bem feito - obra de uma escultura cirúrgica impecável. Ficara um pouquinho menor do que o ideal. Minúsculo é exagero, mas podia ter ficado mais evidente. Há quem diga que mal podia ser notado. Eu não!

- Ué, Diana, está loira agora?, perguntou José.

- Estooou!, respondeu ela com a voz melosa e arrastada. "Loira como a Beyoncé [Knowles]". E desandou:

- Você sabe, eu sempre quis ser uma artista! Isso aqui é só temporário! Nasci para ser uma estrela!

José continuava olhando fixamente para o computador, inexplicavelmente desinteressado pelos fartos seios da moça, pouco prestando atenção nas palavras, mas demonstrando grande (e falso) interesse pela conversa:

- Sério? Com esse cabelo loiro aí, você não está mais para Madonna? Diz aí: você quer ser a Madonna ou a Beyoncé?

- Beyoncé, lóooggico (chiando ao pronunciar o "g").

O computador continuava mais interessante para José, que emendou:

- Ou o Micheal Jackson?

24 de setembro de 2009

Falando Direito: a Boa-Fé

No Direito, temos uma coisa chamada de boa-fé objetiva. A explicação técnica dessa bagaça é muito chata. No fundo, ela significa o seguinte: “Ó aquele brother desconhecido ali, tirando a pedra daquele lugar. Boto fé que tá fazendo isso pra ninguém tropeçar”. Formalmente seria pressupor que a ação do sujeito observou todos os meios que o homem comum adotaria numa ação para ajudar (ou não atrapalhar) outrem.

A boa-fé subjetiva é quase a mesma coisa. A diferença é que vai ser necessário perguntar diretamente ao brother, buscado que ele demonstre, satisfatoriamente, o porquê de ele ter movido a pedra de lugar (ou seja, ele vai explicar as razões que o levaram a crer que a moção da pedra evitaria que os outros tropeçassem). É o diabo do “nexo” da conduta (civil e não penal – mas essa discussão foge ao tema).

Já a má-fé é o seguinte: “Ó aquele brother tirando a pedra daquele lugar e colocando naquele outro para quem passar desapercebido tropeçar. Safado!”. (Funciona também dizer “Ó aquele brother passando por cima da pedra e deixando no meio do caminho só para os outros tropeçarem”. No bom e velho português é a “filha da putagem”. Para os chatos, é conscientemente agir de forma a prejudicar outro sujeito (ou não ajudar outrem, quando imperativo).

Pois bem. No trabalho (de qualquer natureza – seja privado ou público) sempre entendi que devemos agir como um organismo (daí chamarmos repartições de Órgãos). Conceitualmente, o objetivo é atuar harmoniosamente para a consecução de um objetivo comum, que varia conforme o escopo da entidade. Cada em sua baia, mesa, ou pomposa sala, seria uma célula agindo de forma a facilitar as cadeias seguintes. Logo, espera-se que as ações sejam alinhadas para a coisa funcionar direito. Para tanto, todos devem agir de boa-fé, se não, caga tudo!

Veja só: o meu organismo age de boa-fé. Do contrário eu sairia com as calças todas borradas na rua! Por que no trabalho, que também é um organismo, a coisa não deve ser igual?

O problema é que, muitas vezes, isso não acontece. O que costuma valer é o jogo de empurra. Aquela brincadeira de criança, “passa se não fede”, sabe? Parece que os marmanjos (e marmanjas) até hoje amam brincar disso. É uma verdadeira competição – quase que um campeonato nacional!!

A questão é que tanto no arcabouço privatista quanto publicista essa atitude denota má-fe. Basta bom-senso para saber que chutar um pepino pra frente, sem sequer cuidar minimamente dele (ciente de que isso vai complicar a etapa seguinte), vai fazê-lo feder (e isso vale tanto denota quanto conotativamente). Para mim, isso se encaixa na definição 3º parágrafo.

Tudo fica ainda mais grave quando a “ajuda” da etapa anterior depende da simples leitura de uma tabela de 9 linhas, dentre as quais 7 apresentam uma locução adjetiva restritiva e as 2 restantes não. Ora, se 7 apresentam o diabo da locução (e logo restringem) e outras 2 não (e portanto NÃO restringem), é porque essas últimas duas se aplicam a todos! Óbvio, né? Pois é, alguns acham que não... Gente, por favor, isso é português, interpretação e um pouquinho de lógica!!

Pior é quando deturpam uma palavrinha e, usando de um sinônimo muito genérico (analisado e pacificado são extremos opostos, no meu entendimento) só para não terem o trabalho de justificar algo em 3 paragrafozinhos (lembram da boa-fé subjetiva), atitude esta que te compromete, porque o que foi autorizado no passado não é a mesma coisa que buscam agora. Para mim, isso é má-fé. Ou melhor: filha da putagem! Ou estou errado?

21 de setembro de 2009

Laura disse 4

Laura estava concentrada. Nada falava. Sua cabeça (e mesmo olhos) mal se moviam. Franzia levemente a testa, como se tentatasse resolver uma equação oculta e pessoal. Eis que, do nada, vira e fala:

- O Carma vai trazer o gergelim para você!!

(Corre à boca miúda que, minutos antes, Laura estava concentrada tentando limpar, com a língua, a parte anterior dos dentes, onde havia grudado um gergelim - sim, presume-se que ela estivesse comendo baguete com gergelim. Por conta disso, foi sacaneada por sua companhia que, segundo depois, levou o dedo aos dentes, como se um palito fosse, também buscando se livrar de um gergelim).

15 de setembro de 2009

26 de agosto de 2009

Laura disse 2

(Sobre o acidente do Massa)

- Mas que bom que não tinha uma árvore, como com o Senna, né?!

???!!!
!!!???

17 de julho de 2009

Jogos de tabuleiros modernos são elitistas?

Me perguntaram se eu achava o hobby elitista. Eis a resposta:

Elitista elitista eu não sei. Mas popular tenho certeza que não é.

Ressalto que restrinjo meu comentário à realidade Brasil. Poucos são os que tem condições para torrar a grana necessária para encarar os jogos modernos.

Para começar há o idioma: para jogar legal, aprender as regras, poder ensiná-las e até mesmo comprar os jogos online, um cursinho de inglês - nem que seja básico (para contar com a ajuda dos amigos para o resto) - é necessário. Isso não é barato. Essa seria uma pré-etapa.

Depois tem a compra propriamente dita. Primeiro tem que ter um computador. Afinal de contas, não dá para comprar na loja do outro lado da rua. Tem que ter cartão de crédito internacional também. Isso também não é barato. Depois, ainda que seja apenas 1 jogo sendo importado, com o frete, tudo vai sair em média 100 dólares. Em um país em que o salário mínimo gira perto dos 500 reais, é grana pra burro e faz falta pra muita gente.

Ainda existe a "cultura" do jogo. Explico-me: É muito provável que seja necessário se debruçar um tempo sobre as regras. Ler. Reler. Ir a fóruns de discussão. Tirar dúvidas. Ver perguntas frequentes. Testar o jogo sozinho às vezes... É necessário gosto, atenção, leitura, dedicação para fazer o "trem" direito. Isso tudo demanda tempo! E tempo, como dizia Tio Sam, é dinheiro. Quem precisa de trabalhar 10hrs por dia para sustentar a família não pode se dar esse luxo sempre.

A coisa é tão cultural que, se pararmos para pensar, um monte de gente que consideramos "socialmente avantajadas" (ricas, ou bem de vida para falarmos português) também não tem o saco para ficar aprendendo milhões de regras. A tendência é sermos mais imediatistas (sejam os da "elite" ou não). Em um país em que se tem preguiça de ler o jornal ("guilty as charged here") e conferir o troco do pão, pouquíssimos terão a disposição para fazer todo o preparatório de um jogo moderno.

Por isso, não sei se podemos simplesmente taxar o hobby como elitista, pura e simplesmente, pois, muitos da "elite" sequer se interessam ou se empenham nele. Mas, certamente, não é um hobby popular. Grande parte disso em razão de ser ser caro.

Intelectualizado? Também não acho que dê para definir assim. A maioria das pessoas procura os jogos para se divertir, espairecer, fazer amigos, e não agregar conhecimento. Vale destacar que mesmo que ler o manual de um jogo requeira dedicação, não é o mesmo que se debruçar sobre um livro teórico qualquer, seja de história, matemática, direito, física... Além de ser beeem mais rápido e simples (tá tem jogo que dá dor de cabeça para entender - mas definitivamente não é a mesma coisa) os propósitos são bem distintos.

Agora que registrar que digo isso sem a menor intenção de parecer "melhor" ou superior por fazer parte deste pequeno grupo de jogadores. Muito pelo contrário. É em tom de lamento mesmo. Uma pena que algo tão saudável, promotor de interação (e integração), fraternidade, desenvolvimento de racioncínio lógico, como é o hobby, seja de tão difícil acesso.

Abraços!

2 de julho de 2009

Laura disse

Essa é a estréia de uma nova seção do blog. Mais curta, mais caricata, menos densa... Menos Bruno e mais Laura, digamos assim.

Laura é um personagem fictício (ou não). Jovem e despojada, se esforça (ou não) para dizer nonsenses no dia-a-dia, principalmente quando está feliz. Às vezes, ela também o faz no meio de grandes grupos de pessoas para parecer engraçada. Nem sempre funciona.

Alguns desses nonsenses são verdadeiras pérolas. Outros parecem muito forçados e não vale a pena registrar aqui. Os que valerem entrarão no "Laura disse".

Para começar:
- Esse caminhão da Coca-Cola Zero (aquele pintado em preto, branco e vermelho) também vende Coca normal?

30 de junho de 2009

HONEST GEEKS (Nerds Honestos)

HONEST GEEKS (Nerds Honestos)

Hoje eu li um tópico muito interessante em um site que acompanho diariamente. A pessoa questionava, em tom quase que de indignação, se era possível (ou viável) patentear um projeto de jogo de tabuleiro aqui no Brasil. A reclamação não foi infundada: o cara já tinha enfrentado 4 ou 5 tentativas frustradas.

Do ponto de vista jurídico, tenho a vergonha de assumir que não sei a resposta. E pelo jeito o resto do pessoal no fórum estava meio enrolado com ela também. Mas esse não é o caso. O que me chamou a atenção foi a resposta de um dos participantes que, em suma, reportando às palavras de um renomado italiano, famoso designer de games, asseverou que essa era uma preocupação desnecessária vez que os autores de jogos eram todos “nerds” e, como tais, eram honestos por natureza e sequer cogitariam furtar o conceito de outros designers.

O italiano arrematou, ainda, que nunca havia patenteado nenhum jogo dele.

Bruno Faidutti: "How can I protect my idea and be sure some dishonest game publisher won’t steal it?

Don’t worry. None of the game authors I know ever patent or protects anything, be it name, rule or components. I don’t know if it’s legally possible, and I don’t care. Game publishers are first game geeks, like you and all authors, and therefore honest people. It’s difficult enough to select the few games to publish among the hundreds which are submitted to them every year, it would be time wasting and suicidal to steal an idea and become alienated from the gamers and game authors community. Even worse, if when contacting publishers you tell them that you have patented your rules and trademarked your game name, they’ll think, probably rightfully, that you are paranoid and will rather publish games from other authors with whom relations should be easier."

A primeira coisa que veio à minha cabeça foi um daqueles filmes ameri-lixo, do tipo “A revolta dos nerds” ou “Os nerds contra-atacam” (oi coisa assim), onde a turminha estudiosa e excluída usa do conhecimento para ferrar com os pops e colar nas provas. Mas isso também não vem ao caso. O que vem ao caso foi o que pensei logo depois disso. Algo da “vida real” chamado Math Trade.

Para todos os que não sabem que porra é essa (assim como eu não sabia há 2 semanas) eu explico: é um grande centro de trocas. As pessoas colocam numa lista coisas (jogos no caso - mas pode ser de qualquer coisa) que estão dispostas a trocar e depois colocam uma lista dos jogos listados que gostariam de receber em troca dos que disponibilizaram. Um algoritmo calcula o negócio todo e as pessoas finalizam enviando os sucessos.

Exemplo: Eu tenho um Banco Imobiliário que não quero mais e gostaria de um War por ele. O Paulo tem um War pra trocar e gostaria de um Jogo da Vida. A Vivi tem um Jogo da Vida pra trocar e gostaria de um Banco Imobiliário. O sistema considera tudo isso e, como resultado: Eu recebo o War do Paulo e mando o Banco Imobiliário pra Vivi, que recebe o meu BI e manda o Jogo da Vida pro Paulo. O Paulo recebe o Jogo da Vida da Vivi me manda o War que eu queria. Todos ficam satisfeitos ao final. Tudo isso é calculado pelo algoritmo.

Beleza. A pegadinha é a seguinte: tudo isso é feito em ambiente virtual, sem se ver a cara das pessoas e, claro, sem saber da idoneidade delas. Ah! Os jogos trocados são em sua grande maioria importados e com valores bem superiores ao de um Jogo da Vida.

Pois bem, voltando à “vida real”. Participei de um Math Trade. No saldo total foram quase 600 participantes, cada qual oferecendo, em média, 4 jogos.

Tá, Bruno, mas o que isso tem a ver com os nerds e a honestidades deles? Eu respondo: recebi meus 4 “novos” jogos hoje, assim como os outros quase 600 participantes do esquema. (Sim, estou assumindo que quem troca jogos pela internet é nerd como eu).

Agora o legal de tudo isso é que vejo acontecer, na prática, o que um experiente designer diz acontecer no mercado externo já há um bom tempo. Nerd não quer roubar de nerd e nem de ninguém.

Veja bem: o que impediria um fulaninho de tal que você nunca viu na vida (e provavelmente nunca vai ver) e mora do outro lado o país de simplesmente ignorar todo um sistema, receber os jogos, não mandar nada em contrapartida e sair na vantagem? Não vejo outra resposta que não seja a honestidade.

Acho que o italiano acertou na mosca! E digo mais: precisamos de mais nerds no mundo (e, de quebra, no Congresso Nacional, como chefes de Estado, como delegados, como médicos, professores, policiais...).

PS – Nem preciso dizer que aquela minha primeira percepção é completamente deturpada, né?

2 de junho de 2009

Na toca da loba

Escrevi essa crônica como homenagem ao dia das mães há uns 2 anos, mas nunca tinha publicado. Para esse tipo de coisa, toda hora é hora.


______________



Onze horas da noite. Reflexo desfocado no espelho e uma dor nas costas insuportável. Não bastasse a face desfigurada pela tonelada de cremes que a dermatologista recomendou (para, quem sabe, aparentar menos materna) ainda tenho de ser surpreendida por um entreolhar pela fresta da porta do banheiro e uma risadinha debochada (Ah, seu eu tivesse certeza que realmente é de deboche!).

- Sai daqui menino!

- Puxa mamãe-traquinas, você rechonchudinha assim é tããão fofa!!! Ainda mais com esse monte de creme “na cara”!! Parece um biscoito de chantily!! Que fominha mamãe! Ei, por falar nisso, tem mais comida?

E é assim que começa meu dia. Sim, meu dia! Não se espante pela aparente incoerência de o meu dia começar no tardar da noite. Quando se passa da versão de motor 4.0 o dia de todas as mães tende a começar na noite do dia anterior. Já que como o motor não tem volta, buscamos compensar na lataria, com uma ajudinha de nossos amigos dermatologistas e laboratórios produtores de pastas cremosas com nomes impronunciáveis.

A manhã seguinte será intransponível sem uma noite de descanso bem aproveitada. (Diga-se de passagem, oportunidade para sonhar com aquele “badboy” de cabelos levemente loiros e oleosos, corpo atlético, olhar de picareta que, apesar de toda a pose de mal-caráter, ainda se preocupa com o bem-estar da bela moçinha que está presa ao seu lado – Isso! Aquele mesmo do seriado em que todos estão perdidos em uma ilha não tão deserta).

Finalmente, deitada, depois de um profundo suspiro, prévia para o relaxamento corporal necessário para o sono, (não sei se é verdade, mas aquele e-mail que circulou no trabalho pareceu bem crível) permito que os olhos pesem e Morfeu se acomode neles.

Eis que o agradável peso de três pacas gordas, prontas para o abate, é sentido em cima das costas, e, mal abro os olhos e o detestável som do amor filial é ouvido num uníssono:

- Êêêêê!!!! Mamãe-traquinas vai dormir!!! Êêêê!!!! Montinho de amor na mamãe-traquinas!!!

“Sorte deles que as vassouras ficam na área de serviço!”, penso.

- Seus filhotes, de cruz-credo! Já não basta eu ter carregado vocês por nove meses? Vocês ainda querem se amontoar ainda mais?

Não sei quem foi o infeliz que disse que “ser mãe é padecer no paraíso!” (também visto em um dos e-mails que vi no trabalho).

Mas logo o desconforto do peso de todos aqueles marmanjos é deferido pelo calor do carinho, cada um escorrega e, aos poucos, o poleiro fica organizado. (Nessas horas teria sido prudente ser pouquinho menos “mão-de-vaca” e comprado a tal da “king-size”).

Depois dizem que a racionalidade nos distingue dos animais selvagem... A cena de uma matilha de lobinhos encostada na matriarca não deixa de refletir na minha cabeça toda vez que tiro os olhos da TV e fito os cruz-credo já calados e acomodados.

Pouco tempo se passa e já começam a debandar. Um beijinho de boa-noite aqui, uma tchauzinho da porta e a paz já volta a reinar no meu ninho do descanso.

Noite fria, noite quente. Chuva, sereno. Granizo muito raramente. Não importa. Paulatinamente às 5 da matina toca o despertador. Levanto, espreguiço-me e vou à caça. A prole é grande e tem de ser alimentada. Ainda não estão com idade para prover seu próprio alimento. (Um talvez, mas sou boazinha... Alimentarei enquanto for uma cria legal).

Camuflo-me. Munida de minha arma, saio à espreita da vítima que servirá de energia matinal para a prole. Ando por um tempo até sentir um odor diferente no ar... É ao mesmo tempo quente e atraente. Passo pelos campos de trigo. O calor e o cheiro se tornam mais fortes e próximos, agora, misturados com o odor de gordurinha animal salgada.

Foco-me e lembro de que não sou apenas eu, preciso prover a todos:

- Dez pães, por favor! Dez!

Saco a arma: “Crédito, Dona Joana; este mês está complicado”.

De volta à toca, já estão todos no aguardo do abate da manhã. Um deles até tenta reclamar da “pobreza da caça”... Nada que meu olhar fixo e compenetrante não resolva. O bichinho só abaixa a cabeça e começa a trucidar. Sinto vontade de rir.

- Agora vão estudar! O que já foi difícil para mim fica cada vez mais para vocês! Empenhem-se!

E, por oito horas, me vejo livre das pestinhas... Mas, atormentada pelos “pestões” e afins. Correria de trabalho, projetos e prazos se aliam e conspiram para que o que parecia um alívio se tornar uma saudade incontrolável.
“Vou ligar”, pondero. “Mas não atenderão – estão na escola, os proibi de levar o celular para lá”. Vou aguardar até a hora do almoço. As 2 horas restantes demoram mais do que os dois anos que fiquei na expectativa para atingir a maioridade e poder sair de casa.

“Finalmente!”. Ao fim do telefonema repenso o anseio que tive em ligar. Notas baixas “na área”. Vão precisar de reforço. Encrenca na escola. Diretora quer falar-me. Um quer crescer antes da hora, outro parece não crescer. Já o outro, parece que em algumas horas chega a regredir...

É complicado segurar a angústia. Se não bastasse, pepino de última hora para resolver. Chefe intransigente e equipe displicente agravam a tensão. Quero fugir para uma ilha deserta!!

Chego em casa dez quilos mais pesada. Não por ter comido demais. Pelo contrário, perdi o horário do almoço para falar com os pequenos não tão pequenos. (Mas foi até bom, estou em dieta). Penso se é hora de chorar. Entro calada. Preciso mostrar-me inabalável. Sou a chefe da matilha. Eles se espelham em mim. Preciso trabalhar com parcimônia a aprendizagem do grupo quanto ao mundo selvagem lá de fora.

Quando menos espero, o silêncio que tomava a toca é quebrado por passos apressados – quase uma corrida. Se não conhecesse o território pensaria ser um estouro de animais furiosos. Vêm todos os filhotes. Se jogam para cima da velha loba. Abraços, beijos:

- “Free hugs” da mamãe!! Abraço coletivo na mamãe-traquinas!!! Êêêêê!!! Te amamos “mamitcha”!!!

E, por instantes, todos os problemas parecem se esvair. Logo, com a mesma intensidade e rapidez que o alvoroço se iniciou ele se desfaz. Cada um toma seu rumo e os respectivos afazeres voltam a ser feitos. Em alguns momentos gostaria poder fazê-los por eles. Em outros, retomo a realidade e entendo que deve ser assim, e, provavelmente, com todo mundo assim também o é.

Vou ao abatedor da toca, começo a preparar o abate do fim da tarde. Sento e respiro fundo, ainda atormentada, agora, pelas obrigações do trabalho. Neste momento, sou surpreendida por um deles.

Ele fita-me os olhos e pergunta se está tudo bem. Penso em milhões de respostas, mas nenhuma sai. Ele deixa a cozinha. Sinto-me abandonada e questiono o reconhecimento que me concedem como provedora. Mas, inesperadamente, aquele que havia saído logo volta. Acompanhando-o todos os outros. Um por um me beijam, olham-me nos olhos, me abraçam e dizem que, apesar de filhotes, estão ali para o que der e vier.

- Daremos o melhor nós para não te decepcionarmos, mamãe-traquinas!

É... Quem foi mesmo que disse que “ser mãe é padecer no paraíso”? Pelo jeito, eu achei o meu.

21 de maio de 2009

Tempestade

Fecho a porta. Ela bateu.

Passo para Fora.

Não sei a Hora.

Vento gelado. Eu sito agora.


Ando sozinho. O sapato geme.

Vento gelado. O braço treme.


Cabelos molhados. Rua Deserta.

Reflexo embaçado. Janela Aberta.


Estrondo alto. Grande clarão.

Teto turvo. Sem visão.

Porta fechada.

Alucinação.


8 de maio de 2009

Preparado para a prova?

Sempre tive uma vontade oculta de ir para provas sem estar preparado. Essas provas de escola mesmo, cursinho de inglês, vestibular, etc. Mas nunca tive coragem. Meus pais sempre foram extremamente rígidos quanto ao meu rendimento escolar; Se eu reportasse um oito, sempre me perguntavam o porquê de não ter sido nove. Se nove, perguntavam o que faltou para o dez.

Os tempos aparentam ter mudado, mas isso não vem ao caso agora.

Pode parecer loucura, mas eu realmente adentrava o portão do colégio, nos dias de prova, pensando e fantasiando como seria sentar na carteira sem ter aberto um livro qualquer. Nada. Ignorância total. Aquilo, para mim, parecia muito desafiador. Parecia um enfrentamento - quase que um desafio.

Eu era bom aluno. Médias 8,5 para cima. Às vezes rolava uns oitos, mas eu logo "consertava". Nunca encarei uma prova que tivesse muita surpresa para mim. Não que eu soubesse a questão que ia cair, mas eu sabia o que seria cobrado. Dificilmente ficava nervoso e, quando ficava, ao respirar fundo e me esforçar, acabava lembrando de algo e conseguia resolver pelo menos metade dos problemas.

Se a matéria era decorativa eu lia. Fechava o livro e tentava lembrar de tudo. O que eu não conseguia, reabria o livro e voltava a ler. Para mim, não havia outra forma que não essa de encarar os estudos.

De novo, sinto que os tempos mudaram. Mas, não fujamos ao tema.

Alguns poucos (ou muitos) anos se passaram e hoje me peguei pensando nisso. Como teria sido enfrentar os exames no escuro... Ainda que tivesse sido apenas um. Como teria sido a emoção de colar (e colar de verdade, naqueles casos em que não se faz a mínima ideia da resposta - porque colar por colar, só de onda, para ver o que o cara respondeu, eu fiz), ou, ainda, sentir que ia me foder numa prova. Acho que daria para ter testado uma única vez que fosse. Certamente não teria grandes dificuldades em recuperar, mesmo porque eu acho que sabia bem o "caminho das pedras" para estudar. Mas não fiz. Faltou coragem, o medo de decepcionar meus pais (ou professores) era grande, ou sei lá!

Nos últimos tempos, pelo menos parcialmente, consegui pôr (me recuso a não usar o diferencial) em prática minha antiga fantasia. E o pior (ou melhor) é que incrivelmente os resultados não foram desastrosos. Vai entender!

Nem sei porque estou falando sobre isso. Acho que o blog estava criando teias e resolvi tagarelar. Só me pergunto se ainda existem estudantes como os da minha época (que não é tão antiga assim) que sentem o que senti. Pergunto-me se realmente se comprometem, como era comum à época (caraca, bem que o Gabriel diz que estou parecendo ter 77 anos). A regra era ir bem, muito bem. Nivelar por cima sempre. Hoje, parece que "só" passar está bom. Parece que chegar despreparado é normal. Me pergunto se ainda existe espaço para o desejo reprimido de fazer a prova sem estudar...

É. Os tempos mudaram.