27 de fevereiro de 2008

They say there's too much caffeine in your blood stream and a lack of real spice in your life...

Este pedacinho da letra de "A Rush And A Push And The Land Is Ours" (The Smiths) soou o tempo todo em minha mente nestes últimos dois dias.

Não sei ao certo se foi o rush de adrenalina que me carregou adiante para encarar o novo mundo e uma apreensão inexperada (para aqueles que não sabem, meu carro foi apreendido), mas o fato é que tive a impressão de que tudo caminhava muito mais por conta do boost momentâneo do que por conta de um tempero especial. Difícil admitir que não é apenas essa situação que considero alinhada com o pensamento -- mas isso já é mais food for thought...

"Bom, isso é óbvio", vc pode dizer. Afinal, uma adversidade nunca se transvestirá em "tempero especial -- algo picante -- sth that spices things up". Sim, concordo. Mas até onde isso fica distante da crítica do Morrison?

Correndo o risco de ser simplista -- o que acredito que, no fundo, não é lá tão ruim -- sei bem onde o spice pode ser encontrado. Pelo menos no meu caso. Entretanto, é difícil contar com isso to keep on going quando a seguranças e portos, por questões circunstanciais de tempo estão longe... Como diz a sábia, tudo se resume à adaptação.

Contextualmente, é engraçado vislumbrar que mesmo depois do tapa na cara, Morrison cai num antagonismo essencial. "A rush and a push and the land is ours", seen as it is, I mean, as a phrase, acaba revelando que o simples cafézinho que nos impulsiona se faz suficiente para dominarmos a situação. E para onde foi o spice de tudo? Para que ele serve se o rush foi suficiente para tomar a posse da terra?

All in all, parece que o melhor mesmo é ser o fantasma problemático. Pelo menos não mais há de perder tempo com motivações ou empurrões na vida. Ainda assim ele sente falta da cama e quer voltar. Ficção se torna realidade? Quem sou eu pra dizer?

Mórbido demais? Que nada!! Acho que desta vez divaguei tanto que nem eu me entendi direito. Sequer me fiz entender. Ou fiz?

Bom, só para esclarecer; nada de mórbido. Afinal, "a rush and a push and the land is ours".

As simple as that.

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Ps. Quem quiser, reporte a http://www.songmeanings.net/lyric.php?lid=13111. Pode ser que o texto de hoje faça mais sentido.

(*Imagem - direitos reservados - http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://tracosetrocos.files.wordpress.com/2006/10/if_ghost_makeoff01.jpg&imgrefurl=http://tracosetrocos.wordpress.com/2006/10/24/ghost-como-chegamos-la/&h=480&w=900&sz=144&hl=pt-BR&start=5&um=1&tbnid=T67iGQMAUx38qM:&tbnh=78&tbnw=146&prev=/images%3Fq%3Dghost%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26rlz%3D1T4SUNA_enBR261BR262)

17 de fevereiro de 2008

Diário de Bordo # 2


Passaram-se 7 dias e a pseudo-ambientação terminou. Ainda tenho minhas dúvidas se ela surtiu efeito, mas penso que não é mais hora para ocupar minha mente com isso.


Agora pedem para que eu tome parte em seus rituais diários. Prometeram me ensinar primeiro. Talvez isso faça com que eu me integre mais. Talvez! Talvez?


No mais, fui avaliado por alguns tribais que se autodenominam líderes. De fato postam-se imponentemente por sobre os demais. No tocante aos forasteiros, em sua grande maioria, são tratados com respeito, admirição, mas, ainda assim, há quem implique um quê de menosprezo. Suponho que seja por conta de nossa tenra idade.


Os agrados e iguarias típicas têm sido apresentados cada vez menos... Preocupo-me se isso pode indicar uma prática canibal...


Acredito que descobrirei isso durante esta semana.


Until then, see you when!



11 de fevereiro de 2008

Diário de Bordo # 1

A noite foi tranqüila. A calmaria ajudou no sono, mas o mormaço e calor dos ventos lestes incomodoram. Não fosse o escravo branco e quadrado que assopra ar gelado recém instalado na parede do quarto, dificilmente o sono teria sido tão bom. A intensa navegaçao pelas horas do dia também contribuiu para o descanso.

Ao raiar do sol, já estava de pé. Tomei uma chuveirada. Água de morna para quase fria. (Na noite passada estava pelando de quente). Comi e zarpei.

Mares novos, novas correntes e novos desaguas. Apesar de o adiantamento de mais de 40min no relógio, perdi-me pelos cabos frios e demorei a aportar.

O porto era seguro. Já o primeiro contato, eu não sabia. Inegável que os nativos eram simpáticos. Fui recebido bem com agrados e festas. Lembranças locais peculiares e comidas típicas nos foram oferecidos.

Então veio o contato primo. Ímpar como só poderia ser, foi um verdadeiro choque de culturas. A apresentação do cotidiano e perspectivas de projetos na tribo futura foi o choque inesperado. Muito soou diferente do que as promessas lidas nos livros e nas epístoslas recebidas há um tempo atrás, ainda quando da decisão dessa empreitada.

Vou continuar a desbravar, como todo explorador com o anseio por novidades deve ter. Mas... Será que desembarquei na praia certa?

3 de fevereiro de 2008

Nova Toca

Imagino o quão complicado seja enfrentar a realidade de uma mudança. Quer dizer, imagino e estou prestes a encarar a situação. Entretanto, minha perspectiva neste último fim de semana foi diferente: figurei como expectador.

Antigamente, creio eu, quando o grupo do ambiente selvagem necessitava de um lar mais seguro, próximo de melhores fontes de alimento, melhor clima, pastagem ou seja lá o que era interessante para eles, unia-se e tocava para o novo "buraco". Hoje em dia, parece que é quando o maldito contrato (em sentido lato) "vence", nos termos leigos, que a necessidade passa a existir.

Casos à parte, não deixo de pensar na dificuldade que é a brusca mudança de realidade. Seja no meio natural, correndo o risco de topar com um grupo mais feroz que o seu, com líderes-alfa impiedosos, ou mesmo ocupar uma gruta de um faminto predador, seja no mundinho humano, adaptando-se a novas curvas, novos cantos, iluminação, barulhos e odores, ao temor (não muito diferente àquele dos animais) sobre a segurança do novo lugar, comodidades, etc.

Acho que diferentemente de outras coisas, uma mudança não é algo que se apazigue simplesmente com a presença de bons amigos e contatos constantes com estes. Entendo que em todos os casos ela é um grande choque, que é sentido em todas as esferas (pessoais, tangenciais, internas, próprias, alheias...) e, neste sentido, sempre muito trabalhosa e de lenta assimilação.

Contudo, tentando racionalizar a questão, penso que tudo se resume ao (peço vênia para um trocadilho) "conhecido medo do desconhecido". O infame receio da "mudaça" no sentido vernacular. Sair da segurança do familiar para a incerteza do novo sempre será desconfortável.

Bom ou ruim, acredito que sempre tenha sido dessa forma. Se dessa forma não fosse, tenho minhas dúvidas se seria possível estar aqui, agora, divagando. Não houvesse algum maluco (animal ou homem) há muuuito tempo, encarado esse medo e mudado suas atitudes, enfrentado dilemas, dificuldades e tudo mais, é provável que eu estaria de quatro ruminando algo, entocado no escuro, ou, quem sabe, carregando um porrete e esgueirando-me entre arbustos.

É difícil? Certamente. Mas arrisco dizer que, em suma, isso se trata de uma questão de sobrevivência. E, com certeza, independente do local da toca, velho ou novo, sabemos aonde permanecem nossos referenciais.