16 de abril de 2008

Revezamento X Revesamento




Outro dia peguei- me com esta dúvida ortográfica e, confesso, não me sinto nada orgulhoso em admitir...



O primeiro sentimento que aflorou em mim foi decepção e reprovação pessoal. “Como pode um marmanjo depois de 12 anos (no mínimo) estudando o bendito português, esquecer de coisa tão trivial?”. Essa era a pergunta que eu me fazia, antes mesmo de abrir o pai-dos-burros e caçar a grafia correta.



O desespero mesmo veio quando, depois da auto-reprovação, parei e comecei a tentar puxar pela memória as regrinhas de regência, concordância, vírgulação, aposto explicativo e restritivo e todos os outros monstrinhos da nossa língua... Algumas vieram. Outras,cheguei a ter a impressão de que nunca chegaram a existir. =p



O que mais me decepciona é que tenho consciência de que há pouco tempo, questão de 5 anos, eu sabia TODAS, sem titubear. Mérito para os professores de Português do CMB (Colégio Militar de Brasília) que bateram tanto e tanto na mesma tecla (desde a 6ª série) que acabei saltando das desastrosas notas 3 e 4 para 9 e 10. Ah! Dividamos o mérito. Parte vai para a aula de reforço também, que tomou todas minhas manhãs por quase 6 meses seguidos.



A questão é que o ocorrido, para mim, no momento, soou inconcebível! Não importava que o fulaninho/a mais “experiente” e com melhor cargo escrevia completamente errado, separando sujeito de predicado com vírgula, vocacionando subordinações, conjugando verbo com pronome relativo e lascando pontuação sempre que um desses aparecia. Sequer me consolava o argumento de que, em contrapartida, nos últimos 5 anos, muito havia eu aprendido sobre a operacionalização do direito em todas as suas acepções... O que eu queria era esquecer que havia esquecido como se grafava o maldito vocábulo.



Continuado minha digressão, parei, olhei para o lado e vi um engenheiro concluindo os cálculos de um orçamento. Lembrei que não me ”lembrava” de como fazer um uma PG... Havia esquecido a fórmula de Báscara, logaritmo, trigonometria, patati, patatá... Física? Nada! Geografia? Muito pouco. Química? Tive vontade de sumir! História? Só o básico... Biologia, ainda dá para enganar... Olhei ainda para os meus pares resolvendo algumas questões de registro societário e também considerei que, dependendo da questão, eu poderia ficar perdido neste quesito. Vi o economista fechando o orçamento... Eis que no turbilhão finalmente concluí: Puta merda! Eu não sei CHONGAS!



Neste meio tempo, quase que simultaneamente, lembrei do brocardo filosófico socrático “sei que nada sei”. Acalmei-me. E é claro que ele acalma! Nada mais lógico, afinal, a mente e conseqüentemente o conhecimento humano têm potencial infinito. Sem falar que os assuntos são tantos e reverberam em tantos campos que é razoável considerar impossível dominar a razão. Só que isso não reduz a minha ignorância. Muito pelo contrário!



O fato é que eu realmente gostaria de SABER!! Pelo menos aquelas coisas que me são afetas, já que as demais são “demais”... No fundo, no fundo, gostaria que fosse TUDO, maaaas, neste caso, querer não parece ser poder.



E cá estou eu, sabendo que nada sei...



Ah! E revezamento é com “Z”! Just in case....






E para os que querem conhecer coisas novas, outra bandinha – http://www.youtube.com/watch?v=T0N5YblvT1c



Duvet, by BOA


And you don't seem to understand
A shame you seemed an honest man
And all the fears you hold so dear
Will turn to whisper in your ear
And you know what they say might hurt you
And you know that it means so much
And you don't even feel a thing

I am falling
I am fading
I have lost it all

And you don't seem the lying kind
A shame that I can read your mind
And all the things that I read there
Candle lit smile that we both share
And you know I don't mean to hurt you
But you know that it means so much
And you don't even feel a thing

I am falling
I am fading
I am drowning, help me to breathe
I am hurting
I have lost it all
I am losing, help me to breathe

14 de abril de 2008

So this is goodbye


Porcelain, by Moby.

"In my dreams I'm dying all the time
As I wake its kaleidoscopic mind
I never meant to hurt you
I never meant to lie...
So this is goodbye. This is goodbye

Tell the truth you never wanted me
Tell me

In my dreams I'm jealous all the time
As I wake I'm going out of my mind
Going out of my mind

So this is goodbye... This is goodbye."


http://www.youtube.com/watch?v=D1Fcaro25Ek&feature=related (Ouçam! Vale a pena!)


Eu tenho mania de tentar explicar meus textos. Ou melhor, tenho mania de ficar me explicando de uma forma geral. Desta vez, em particular, vou fazer um esforço e deixar do jeito que está.
Interessante como o óbvio nem toda vez é óbvio, mas a ambigüidade sempre faz sentido em suas duas acepções. Nada obstante, apenas o contexto torna óbvia uma delas.


So long, my friends!


PS - Surpreendente como é sempre possível achar uma música que expresse perfeitamente um sentimento/situação (ou simplesmente parte dele/dela).

2 de abril de 2008

“Em terra de cego, quem tem um olho é rei.”

Fiz-me relapso por um tempo com meu diário (não mais tão diário assim) de bordo. Como nesse meio tempo a cabecinha da criança aqui não parou hora alguma, inevitável que um monte de coisa se acumulasse. Então, aí vai:


Ah! Já adiantando. Estava pensando como é interessante que, ponderações pessoais que, normalmente são tão ocultas, tornam-se públicas com a facilidade de um clique neste mundinho de redes, fios, transistores e cabos óticos... Lá vou eu despender meu tempo para revelar um número indeterminado de pessoas pensamentos que, no “mundo real”, a tendência seria ficarem guardados e, quando muito, abertos apenas a um número muito restrito de pessoas.


Vai entender! Imagino que a impessoalidade tem a ver com isso. Digo, impessoalidade da internet. Mas, quando usamos dessa “impessoalidade” para tratar de coisas pessoais, ela deixa de ser tão impessoal assim... Não é? Enfim! Alguém não quer arrumar um psicólogo para comentar meus posts? Poupar-me-ia bons trocados.
Vamos lá: “Em terra de cego, quem tem um olho é rei”, dizia meu velho pai.


Não sei ao certo por que, mas esse dito popular foi fonte de extrema irritação para mim.


Iniciemos do início. Foi-me relatada uma situação no trabalho onde se elogiou, bendisse-se, enalteceu-se a capacidade de uma pessoa por conta de um contato contínuo, em língua estrangeira, com outras que sabia ‘pigas’ da nossa lingüinha pátria singela. Só que a pessoa quem me relatou foi o autor da façanha. Até aí, tudo bem.


A coisa começou a me irritar quando, por conta do pouco que sei da língua estrangeira e de ter senso crítico suficiente (de uma pessoa exigente – e chato pra caralho) saber que o nível do cara é extremamente macarrônico. Melhor de que o de muita gente, mas macarrônico! Sabe aquelas pessoas que saem enfiando frases atrás de frases com pronúncia e gramática capenga, só porque acham que o tempinho fora do país auxiliou no aprendizado, aparou todas as arestas e hoje são ases? Pois bem!


Segundo ponto causador de irritabilidade: o contexto dos elogios foi o de pessoas ignorantes no assunto. Estas foram as fontes dos supostos louros. Penso que receber parabenizações alguém que é ignorante no assunto é o mesmo que não receber elogio algum, OOu assim deve ser interpretado. Agravante: do contexto, nenhuma (“péra”, vou repetir) NENHUMA pessoa tinha conhecimento ALGUM para servir como referência e validar ou não a capacidade da outra. Assim é fácil se destacar!


Terceiro e último, o ser ficou o tempo todo reiterando o assunto, mesmo depois de finalizado, se auto-validando, mesmo depois de perfeito o ato, repetindo incansavelmente o feito, para, quem sabe, escutar um parabéns, um muito bem, um sei-lá-o-quê que é esperado nessas horas...


Na verdade, eu sei. Acho que todos passamos por situações assim. Queremos ver nossos feitos reconhecidos e elogiados. Mas, pessoalmente, sempre acreditei que comentários e elogios devem vir naturalmente. E quando vierem, acho que devem ser guardados para nós, pois são frutos de esforços pessoais íntimo. Se perguntarem, tudo bem! Quando muito, compartilhar com pessoas muito próximas, mas nunca imprimir em letras garrafais para todos saberem. E pior, outros que sabem que as vírgulas da história estão um pouco deslocadas...


Óbvio que isso pode ser uma questão de personalidade, e, se for, por favor, me falem, pois essa não é a primeira vez que uma situação deste naipe me causa desconforto/irritação.


Acompanhem meu pensamento: (E quando digo meu, é porque é o MEU e quero ver se consigo repassar parte de meu processo cognitivo). Se alguém perde muito tempo para ficar relembrando algo que passou, justificando e/ou reiterando os méritos que recebeu, procurando validação é porque, provavelmente, se sente desconfortável com algo que fez neste tocante. Digo isso por experiência própria. Se/quando faço isso é porque preciso que outra pessoa me convença de que algo que fiz, e sei que está errado, não foi tão ruim assim – ou até mesmo bom. Independente se em contextos maiores ou menores. Não importa!


Onde estão os psicólogos outra vez?

E o mais engraçado é que se trata de uma pessoa próxima, sobre a qual tenho bastante apreço nos mais diversos campos.


No fundo, o que pesa é que acabo interpretando o seguinte: Quem tem um olho é rei. Quem sabe uma palavra (na terra dos iletrados) é poliglota. Quem soma 2 e 2 é gênio. Quem fala x no lugar de y onde ninguém sabe o que é o quê, é superdotado. Resultado: mediocridade.


Quem conhece, sabe. Poucas coisas me decepcionam mais do que a dita cuja. Sei lá... No fundo, acho que sou extremamente chato mesmo. Só que, como estou longe de tudo e de todos e precisava extravasar isso – aí está.


O pulo do gato está por vir... Depois de toda a irritação e decepção, o ser aqui trái sua individualidade (?), engole a crítica e nada diz. Tudo em prol da sociabilidade! Crise essencial? Um pouco... Mas isso é tema para outro post.


Trabalha, neurônio, trabalha!