23 de julho de 2010

Forte Apache de Gente Grande

Todo menino com seus 25+ anos deve saber muito bem do que estou falando. Era um brinquedo, produzido pela Gulliver, que representava uma tribo de índios num forte. Talvez esse tenha sido o brinquedo que mais tenha ensinado à molecada daquele tempo o sentido da frase "dê asas à sua imaginação". Era comum passar horas montando cenários e inventando histórias para simular batalhas épicas naquele cenário.Agora lembro que sempre durante essas brincadeiras havia momentos em que eu parava e pensava: "puxa, seria o maior legal se tivesse uma forma de resolver essas batalhas de um jeito mais "real" (na cabeça de criança, "real" significa "concreto)... resolvendo a guerra só com a imaginação, pode acontecer qualquer coisa!!!". E eu pensava isso porque sempre que eu dizia para meu amiguinho que o índio tinha lançado uma flecha contra o cowboy dele, ele inventava uma história absurda (do tipo, "uma águia gigante apareceu e agarrou o cowboy, voou com ele, e salvou da flecha") que acabava fazendo com que eu sempre perdesse. Claro que era o máximo imaginar tudo aquilo, mas eu realmente queria, às vezes, poder fazer umas coisas mais "reais".

Eis que anos depois, já como um pokemon completamente evoluído (acho), posso encher a boca para usar aquele bordão maravilhoso da Polishop: "os seus problemas acabaram".

Refiro-me ao HeroScape, um jogo de tabuleiro, criado em 2004 pela Hasbro. Os autores são Craig Van Ness, Rob Daviau e Stephen Baker. O tempo médio de partida é de 2h, mas, dependendo do tamanho do cenário, pode se estender por dias (veja mais adiante que vc vai entender).

Trata-se de um sistema que envolve miniaturas, tabuleiro modular em 3D, dados, exércitos com diferentes características e uma cacetada de expansões. A grande sacada do jogo é o modo como ele foi concebido; os autores partiram da simples premissa de tudo é possível, em termos de conflitos bélicos. A partir disso, deu-se abertura ao confronto entre os exércitos mais inusitados possíves, como orcs, elfos, samurais, soldados da 2ª guerra, dinossauros, super-herois, demônios, anjos... Por trás disso tudo, uma história bem interessante por batalha por fontes de poder.



O sistema do jogo é bem simples. Monta-se o cenário e parte-se para a batalha. Como o jogo vem com o "tabuleiro" em peças plásticas que se encaixam para formar o mapa, o céu é o limite e o resultado final são lindos mapas em 3D.

Como os mapas são customizáveis e o céu é o limite, uma aventura pode durar horas. O legal é que vc é quem vai controlar esse tempo, conforme sua disponibilidade. Quer jogar em menos tempo? Basta montar um mapa menor.

"Tá Bruno, mas do jeito que você está falando parece que é ainda mais viagem do que o Forte Apacha e daí pode de tudo mesmo!! Inclusive a águia aparecer no meio de tudo. Como assim isso fica mais 'concreto'?", vai questionar você, caro leitor.

E eu respondo: "calma! é aí que entra o grande barato do jogo!". Existe um conjunto de regras simples que dão verossimilhança à brincadeira.

Basicamente o jogo explica como funciona andar, pular, cair, escalar, entrar na água, atacar e voar. Cada personagem tem atributos: ataque, movimento, defesa, distância de ataque e pontos de vida. Quando junta-se tudo isso, tem-se um sistema simplérrimo que beira a perfeição.

Daí entra o jogo. Cada jogador tem 3 ações por turno. Colocam-se marcadores de ordem nas cartas que dão as especificações das unidades que você quer mover e estes vão sendo revelados.

Não tem itens para equipar nem outros blá blá blás. Pode ter glyphs nos cenários, que, geralmente, dão vantagens para quem os controla (mais ataque, defesa, cura, etc.). E essas vantagens também são super bem pensadas, já que criam alvos naturais que devem ser perseguidos, dinamizando a partida e objetivos.

As regras de movimento, escalada e pulo são relativamente bem simples, bem como linha de visão, que é particularmente interessante (você se inclina para trás da mini. se enxergar pontos vitais da outra - definidos na carta dela - consegue atacar).

Isso tudo misturado gera uma experiência lúdica única. E não só isso, o sistema é super bem-feito e a brincadeira é sempre bem competitiva, com reais chances de vitória para todos os jogadores.

Minha última partida foi num cenário "protect the leader". 1 jogador, com o exército maior e mais forte tinha de proteger o ninho de seus monstros, enquanto os demais tinham de destruir esse ninho para ganhar. Ao final de cada turno este ninho tinha a chance de produzir mais unidades, estabelecendo-se assim uma corrida contra o relógio para os heróis.

Imagem

A partida demorou mais ou menos 3h, com explicação de regras. No final, os heróis levaram. O legal é perceber que a vitória se deu muito mais pela inexperiência de um jogador (que comprova o equilíbrio do jogo) do que por qualquer outro motivo (escolha de exércitos muito fortes, início em pontos vantajosos, etc.).

A configuração do mapa cria uma verdadeira tarefa de análise tática, busca por posicionamentos e movimentações mais eficientes, tal como num planejamento tático de batalha. Isso gera tensão constante, prende a atenção dos jogadores e imprime dificuldade na tomada de decisões, o que contribui para o jogo ser tanto divertido, como competitivo.

O cenário em particular pode enaltecer ainda mais a imersão na partida. Gostei muito deste último. Começa intimidador para os heróis. Delineia pontos-chave importantes para ocupação e confere vantagens temáticas a cada um dos lados. (No pântano, terreno dos Marros - os monstros que saem do ninho - nota-se que eles ficam mais fortes).

Imagem

As montanhas costumam ser pontos estratégicos e perfeitos para o posicionamento de scouts e snipers para dar cobertura para os que se aventuram nos combates corpo-a-corpo.

Imagem

O sistema dá abertura a reviravoltas interessantes. Na última partida o jogo parecia ganho para os heróis quando uma rolagem desastrosa matou uma unidade que estava segurando o guardião mais forte do ninho. Depois disso, as chances de vitória ficaram bem próximas para os dois lados, em especial porque o fim do jogo estava perto.

Imagem

O HeroScape é definitivamente meu jogo de guerra preferido. Simples, absurdamente bem produzido e com densidade tática/estratégica que não deixa a desejar. Outro ponto que acrescenta muito ao jogo são as inúmeras possibilidades de combos de unidades. Como cada uma tem um poder especial único, a mistura destes dá abertura para reviravoltas e alianças incríveis.

Com essa mega-produção toda é fácil imaginar que o jogo tenha um preço absurdo, né? Mas nem tanto. Importado o valor final dele (com impostos), vai ficar em torno de 160 reais.

Se interessou? Quer conhecer? Entre em contato!



P.S.: Menção seja feita ao caro amigo Zinho (@http://ninguemperguntou.blogspot.com/), que foi o primeiro a relacionar o jogo ao Fort Apache, o que acabou me inspirando para desenvolver este texto.



*

I truly believe that the use of the photos/videos here would fall under the "fair use doctrine". This is meant to be a fan post, like many others out there. This is informational purpose only. I'm not selling anything on the site and I don't wish to be sued. I do this for the love and enjoyment of gaming. Neither do I seek to do damage to the owners, and I believe, if anything, this blog would do the opposite. If you feel somehow harmed by any of these photos/post/text or by the fact that I simply posted them, please let me know - I`ll delete them. If you are the owner of any of these and you would like them to be removed from here, I will do that. Thank you!


Nenhum comentário:

Postar um comentário