17 de julho de 2009

Jogos de tabuleiros modernos são elitistas?

Me perguntaram se eu achava o hobby elitista. Eis a resposta:

Elitista elitista eu não sei. Mas popular tenho certeza que não é.

Ressalto que restrinjo meu comentário à realidade Brasil. Poucos são os que tem condições para torrar a grana necessária para encarar os jogos modernos.

Para começar há o idioma: para jogar legal, aprender as regras, poder ensiná-las e até mesmo comprar os jogos online, um cursinho de inglês - nem que seja básico (para contar com a ajuda dos amigos para o resto) - é necessário. Isso não é barato. Essa seria uma pré-etapa.

Depois tem a compra propriamente dita. Primeiro tem que ter um computador. Afinal de contas, não dá para comprar na loja do outro lado da rua. Tem que ter cartão de crédito internacional também. Isso também não é barato. Depois, ainda que seja apenas 1 jogo sendo importado, com o frete, tudo vai sair em média 100 dólares. Em um país em que o salário mínimo gira perto dos 500 reais, é grana pra burro e faz falta pra muita gente.

Ainda existe a "cultura" do jogo. Explico-me: É muito provável que seja necessário se debruçar um tempo sobre as regras. Ler. Reler. Ir a fóruns de discussão. Tirar dúvidas. Ver perguntas frequentes. Testar o jogo sozinho às vezes... É necessário gosto, atenção, leitura, dedicação para fazer o "trem" direito. Isso tudo demanda tempo! E tempo, como dizia Tio Sam, é dinheiro. Quem precisa de trabalhar 10hrs por dia para sustentar a família não pode se dar esse luxo sempre.

A coisa é tão cultural que, se pararmos para pensar, um monte de gente que consideramos "socialmente avantajadas" (ricas, ou bem de vida para falarmos português) também não tem o saco para ficar aprendendo milhões de regras. A tendência é sermos mais imediatistas (sejam os da "elite" ou não). Em um país em que se tem preguiça de ler o jornal ("guilty as charged here") e conferir o troco do pão, pouquíssimos terão a disposição para fazer todo o preparatório de um jogo moderno.

Por isso, não sei se podemos simplesmente taxar o hobby como elitista, pura e simplesmente, pois, muitos da "elite" sequer se interessam ou se empenham nele. Mas, certamente, não é um hobby popular. Grande parte disso em razão de ser ser caro.

Intelectualizado? Também não acho que dê para definir assim. A maioria das pessoas procura os jogos para se divertir, espairecer, fazer amigos, e não agregar conhecimento. Vale destacar que mesmo que ler o manual de um jogo requeira dedicação, não é o mesmo que se debruçar sobre um livro teórico qualquer, seja de história, matemática, direito, física... Além de ser beeem mais rápido e simples (tá tem jogo que dá dor de cabeça para entender - mas definitivamente não é a mesma coisa) os propósitos são bem distintos.

Agora que registrar que digo isso sem a menor intenção de parecer "melhor" ou superior por fazer parte deste pequeno grupo de jogadores. Muito pelo contrário. É em tom de lamento mesmo. Uma pena que algo tão saudável, promotor de interação (e integração), fraternidade, desenvolvimento de racioncínio lógico, como é o hobby, seja de tão difícil acesso.

Abraços!

2 de julho de 2009

Laura disse

Essa é a estréia de uma nova seção do blog. Mais curta, mais caricata, menos densa... Menos Bruno e mais Laura, digamos assim.

Laura é um personagem fictício (ou não). Jovem e despojada, se esforça (ou não) para dizer nonsenses no dia-a-dia, principalmente quando está feliz. Às vezes, ela também o faz no meio de grandes grupos de pessoas para parecer engraçada. Nem sempre funciona.

Alguns desses nonsenses são verdadeiras pérolas. Outros parecem muito forçados e não vale a pena registrar aqui. Os que valerem entrarão no "Laura disse".

Para começar:
- Esse caminhão da Coca-Cola Zero (aquele pintado em preto, branco e vermelho) também vende Coca normal?