21 de maio de 2009

Tempestade

Fecho a porta. Ela bateu.

Passo para Fora.

Não sei a Hora.

Vento gelado. Eu sito agora.


Ando sozinho. O sapato geme.

Vento gelado. O braço treme.


Cabelos molhados. Rua Deserta.

Reflexo embaçado. Janela Aberta.


Estrondo alto. Grande clarão.

Teto turvo. Sem visão.

Porta fechada.

Alucinação.


8 de maio de 2009

Preparado para a prova?

Sempre tive uma vontade oculta de ir para provas sem estar preparado. Essas provas de escola mesmo, cursinho de inglês, vestibular, etc. Mas nunca tive coragem. Meus pais sempre foram extremamente rígidos quanto ao meu rendimento escolar; Se eu reportasse um oito, sempre me perguntavam o porquê de não ter sido nove. Se nove, perguntavam o que faltou para o dez.

Os tempos aparentam ter mudado, mas isso não vem ao caso agora.

Pode parecer loucura, mas eu realmente adentrava o portão do colégio, nos dias de prova, pensando e fantasiando como seria sentar na carteira sem ter aberto um livro qualquer. Nada. Ignorância total. Aquilo, para mim, parecia muito desafiador. Parecia um enfrentamento - quase que um desafio.

Eu era bom aluno. Médias 8,5 para cima. Às vezes rolava uns oitos, mas eu logo "consertava". Nunca encarei uma prova que tivesse muita surpresa para mim. Não que eu soubesse a questão que ia cair, mas eu sabia o que seria cobrado. Dificilmente ficava nervoso e, quando ficava, ao respirar fundo e me esforçar, acabava lembrando de algo e conseguia resolver pelo menos metade dos problemas.

Se a matéria era decorativa eu lia. Fechava o livro e tentava lembrar de tudo. O que eu não conseguia, reabria o livro e voltava a ler. Para mim, não havia outra forma que não essa de encarar os estudos.

De novo, sinto que os tempos mudaram. Mas, não fujamos ao tema.

Alguns poucos (ou muitos) anos se passaram e hoje me peguei pensando nisso. Como teria sido enfrentar os exames no escuro... Ainda que tivesse sido apenas um. Como teria sido a emoção de colar (e colar de verdade, naqueles casos em que não se faz a mínima ideia da resposta - porque colar por colar, só de onda, para ver o que o cara respondeu, eu fiz), ou, ainda, sentir que ia me foder numa prova. Acho que daria para ter testado uma única vez que fosse. Certamente não teria grandes dificuldades em recuperar, mesmo porque eu acho que sabia bem o "caminho das pedras" para estudar. Mas não fiz. Faltou coragem, o medo de decepcionar meus pais (ou professores) era grande, ou sei lá!

Nos últimos tempos, pelo menos parcialmente, consegui pôr (me recuso a não usar o diferencial) em prática minha antiga fantasia. E o pior (ou melhor) é que incrivelmente os resultados não foram desastrosos. Vai entender!

Nem sei porque estou falando sobre isso. Acho que o blog estava criando teias e resolvi tagarelar. Só me pergunto se ainda existem estudantes como os da minha época (que não é tão antiga assim) que sentem o que senti. Pergunto-me se realmente se comprometem, como era comum à época (caraca, bem que o Gabriel diz que estou parecendo ter 77 anos). A regra era ir bem, muito bem. Nivelar por cima sempre. Hoje, parece que "só" passar está bom. Parece que chegar despreparado é normal. Me pergunto se ainda existe espaço para o desejo reprimido de fazer a prova sem estudar...

É. Os tempos mudaram.