3 de fevereiro de 2008

Nova Toca

Imagino o quão complicado seja enfrentar a realidade de uma mudança. Quer dizer, imagino e estou prestes a encarar a situação. Entretanto, minha perspectiva neste último fim de semana foi diferente: figurei como expectador.

Antigamente, creio eu, quando o grupo do ambiente selvagem necessitava de um lar mais seguro, próximo de melhores fontes de alimento, melhor clima, pastagem ou seja lá o que era interessante para eles, unia-se e tocava para o novo "buraco". Hoje em dia, parece que é quando o maldito contrato (em sentido lato) "vence", nos termos leigos, que a necessidade passa a existir.

Casos à parte, não deixo de pensar na dificuldade que é a brusca mudança de realidade. Seja no meio natural, correndo o risco de topar com um grupo mais feroz que o seu, com líderes-alfa impiedosos, ou mesmo ocupar uma gruta de um faminto predador, seja no mundinho humano, adaptando-se a novas curvas, novos cantos, iluminação, barulhos e odores, ao temor (não muito diferente àquele dos animais) sobre a segurança do novo lugar, comodidades, etc.

Acho que diferentemente de outras coisas, uma mudança não é algo que se apazigue simplesmente com a presença de bons amigos e contatos constantes com estes. Entendo que em todos os casos ela é um grande choque, que é sentido em todas as esferas (pessoais, tangenciais, internas, próprias, alheias...) e, neste sentido, sempre muito trabalhosa e de lenta assimilação.

Contudo, tentando racionalizar a questão, penso que tudo se resume ao (peço vênia para um trocadilho) "conhecido medo do desconhecido". O infame receio da "mudaça" no sentido vernacular. Sair da segurança do familiar para a incerteza do novo sempre será desconfortável.

Bom ou ruim, acredito que sempre tenha sido dessa forma. Se dessa forma não fosse, tenho minhas dúvidas se seria possível estar aqui, agora, divagando. Não houvesse algum maluco (animal ou homem) há muuuito tempo, encarado esse medo e mudado suas atitudes, enfrentado dilemas, dificuldades e tudo mais, é provável que eu estaria de quatro ruminando algo, entocado no escuro, ou, quem sabe, carregando um porrete e esgueirando-me entre arbustos.

É difícil? Certamente. Mas arrisco dizer que, em suma, isso se trata de uma questão de sobrevivência. E, com certeza, independente do local da toca, velho ou novo, sabemos aonde permanecem nossos referenciais.

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