2 de março de 2008

Diário de Bordo # 3

Um mês de vivência se aproxima e posso dizer que minha empreitada continua tão desafiadoramente desconhecida quanto antes.

Cada um dos integrantes do grupo de desbravadores já se debandou e faz a prospecção de terreno e rituais independentemente. Uma vez por semana, há a tentativa de encontro, mas parece que quanto mais necessária a troca de percepções, mais difícil de ela acontecer.


Na última reunião, muitos expressaram preocupação com a atual postura dos nativos. É unânime o sentimento de que os pajés estão relutantes em nos aceitar no grupo. Evidente o temor pelo novo e receio de perderem o controle sobre as tarefas do dia-a-dia. Particularmente, esta postura me preocupa, afinal, foram eles que sentiram a necessidade de buscar novos ares.
Traído pela minha personalidade, tomei a frente e ousei, recorrendo à diplomacia e um quê de lógica, apontar a questão a um dos chefes. A receptividade foi muito positiva. Surpreendi-me inclusive. Me pergunto se não teria sido porque tratei logo com um dos chefes que possuem anos-experiência próximos ao meu... Já o apontamento de soluções não foi tão satisfatório. De certa forma, isso derrubou meu quesitonamento. Receio ainda ter causado uma impressão de quem busca mudar uma realidade milenar em 10 dias. Enfim! O contato era necessário.


Fora isso, passei por um teste para aferir minha proficiência na língua-alienígena, denominação que usam para a linguagem utilizada no escambo e negociações com tribos forasteiras. Muito bom saber que ainda impressiono, mesmo sem a continuidade da prática do vernáculo. Me apontaram para ensinar aqueles que desconhecem os fonemas e estruturas da língua-estranha. Por mim, tudo bem. Só gostaria de receber um destaque maior dentre eles por conta disso.


No mais, a convevivência já me ensinou expressões e trejeitos regionais. De vez em vez me pego utilizando disto como um artifício para me fazer entender melhor, encurtar a distância e, porque não, mesclar com os locais. Tenho a impressão de que conscientimente nos desvinculamos um pouquinho das nossas essências para nos sentirmos menos mal-quistos. Prefiro minha essência, confesso.


Interessante perceber que algum deles também usam do mesmo artifício. Isso cativa e conforta. A demonstração de disposição à ruptura da barreira além-mar é bastante motivadora. Pelo menos no campo pessoal, suponho.


Meu corcel branco foi levado por reitores. "Viola os regulamentos locais", disseram. Tive de me desdobrar e usar gastar muito com agrados materiais para conseguir reavê-lo. Quero mandá-lo de volta. Sentirei falta de meu fiel companheiro.


No meio tempo, estou à procura de um companheiro de outra espécie. O nome já existe: Biscoito. A caça aqui é menos despendiosa do que na minha terra natal e tenho certeza que a adapção de meu mascote será mais natural.


Quem sabe o melhor amigo do homem não me ajuda na expedição?


Recolho-me à cabine agora.

3 comentários:

  1. Ah! Você não me contou sobre a reunião dos trainees...pelo visto todos têm a mesma sensação que você,né! Mas eles sugeriram algo?

    ÊÊÊÊ! Biscoito! Ele vai ser um bom companheiro sim! =D Fofo!

    Saudade!

    Te amo!

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  2. eu quero saber qual foi o trejeito e as expressões que tu pegou, seu félla!
    abração

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