5 de agosto de 2010

O Asno, o Burro e o Rato

Capítulo 1


Lá estava. Um grande e extenso muro de pedra. Separava duas estradas de terra-vermelha batida. De um lado, um Burro. Do outro, um Asno. Em cima dele, um Rato.

O muro não era muito alto, mas era alto o suficiente para que aqueles que estivessem de um lado não enxergassem os que estivessem do outro.

O que poucas pessoas sabiam é que esse era um muro mágico; todos conseguiam ver o que estava em cima dele. Havia também uma barreira invisível que impedia que vozes de um lado passassem para o outro (apesar de sons comuns – vento, farfalhar de folhas, passos, etc. – passarem normalmente). Mas o poder mais incrível do muro era que, em alguns pontos de sua extensão, ele ficava translúcido e permitia que se visse o que estava do outro lado.

Às vezes, esse poder mágico era muito bom, pois quem estava de um lado podia interagir com quem estava do outro lado. Mas estes casos eram incomuns. Isso porque para que o poder mágico funcionasse direito, os seres dos dois lados tinham que querer ver aqueles que estavam do outro lado. Por isso, na maioria das vezes só se podia enxergar a paisagem “do lado de lá”, que era exatamente igual à paisagem “do lado de cá”.

Além disso, muitos dos raros casos em que os dois seres desejavam ver o que estava do outro acabavam tendo desfechos desastrosos. Mal os seres se viam, e, em pouco tempo, acabavam entrando em conflito, várias vezes se esbravejando e falando palavras feias um para o outro. Terminavam por seguir adiante desejando nunca mais terem que ver um outro ser na vida, praguejando e maldizendo o poder mágico daqueles pedaços mágicos do muro de pedra.

Mas essa é uma estória para outro dia. Hoje vamos falar do Burro e do Asno, que estavam separados pelo muro, e do Rato, que estava em cima dele.



(Continua...)

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