2 de abril de 2008

“Em terra de cego, quem tem um olho é rei.”

Fiz-me relapso por um tempo com meu diário (não mais tão diário assim) de bordo. Como nesse meio tempo a cabecinha da criança aqui não parou hora alguma, inevitável que um monte de coisa se acumulasse. Então, aí vai:


Ah! Já adiantando. Estava pensando como é interessante que, ponderações pessoais que, normalmente são tão ocultas, tornam-se públicas com a facilidade de um clique neste mundinho de redes, fios, transistores e cabos óticos... Lá vou eu despender meu tempo para revelar um número indeterminado de pessoas pensamentos que, no “mundo real”, a tendência seria ficarem guardados e, quando muito, abertos apenas a um número muito restrito de pessoas.


Vai entender! Imagino que a impessoalidade tem a ver com isso. Digo, impessoalidade da internet. Mas, quando usamos dessa “impessoalidade” para tratar de coisas pessoais, ela deixa de ser tão impessoal assim... Não é? Enfim! Alguém não quer arrumar um psicólogo para comentar meus posts? Poupar-me-ia bons trocados.
Vamos lá: “Em terra de cego, quem tem um olho é rei”, dizia meu velho pai.


Não sei ao certo por que, mas esse dito popular foi fonte de extrema irritação para mim.


Iniciemos do início. Foi-me relatada uma situação no trabalho onde se elogiou, bendisse-se, enalteceu-se a capacidade de uma pessoa por conta de um contato contínuo, em língua estrangeira, com outras que sabia ‘pigas’ da nossa lingüinha pátria singela. Só que a pessoa quem me relatou foi o autor da façanha. Até aí, tudo bem.


A coisa começou a me irritar quando, por conta do pouco que sei da língua estrangeira e de ter senso crítico suficiente (de uma pessoa exigente – e chato pra caralho) saber que o nível do cara é extremamente macarrônico. Melhor de que o de muita gente, mas macarrônico! Sabe aquelas pessoas que saem enfiando frases atrás de frases com pronúncia e gramática capenga, só porque acham que o tempinho fora do país auxiliou no aprendizado, aparou todas as arestas e hoje são ases? Pois bem!


Segundo ponto causador de irritabilidade: o contexto dos elogios foi o de pessoas ignorantes no assunto. Estas foram as fontes dos supostos louros. Penso que receber parabenizações alguém que é ignorante no assunto é o mesmo que não receber elogio algum, OOu assim deve ser interpretado. Agravante: do contexto, nenhuma (“péra”, vou repetir) NENHUMA pessoa tinha conhecimento ALGUM para servir como referência e validar ou não a capacidade da outra. Assim é fácil se destacar!


Terceiro e último, o ser ficou o tempo todo reiterando o assunto, mesmo depois de finalizado, se auto-validando, mesmo depois de perfeito o ato, repetindo incansavelmente o feito, para, quem sabe, escutar um parabéns, um muito bem, um sei-lá-o-quê que é esperado nessas horas...


Na verdade, eu sei. Acho que todos passamos por situações assim. Queremos ver nossos feitos reconhecidos e elogiados. Mas, pessoalmente, sempre acreditei que comentários e elogios devem vir naturalmente. E quando vierem, acho que devem ser guardados para nós, pois são frutos de esforços pessoais íntimo. Se perguntarem, tudo bem! Quando muito, compartilhar com pessoas muito próximas, mas nunca imprimir em letras garrafais para todos saberem. E pior, outros que sabem que as vírgulas da história estão um pouco deslocadas...


Óbvio que isso pode ser uma questão de personalidade, e, se for, por favor, me falem, pois essa não é a primeira vez que uma situação deste naipe me causa desconforto/irritação.


Acompanhem meu pensamento: (E quando digo meu, é porque é o MEU e quero ver se consigo repassar parte de meu processo cognitivo). Se alguém perde muito tempo para ficar relembrando algo que passou, justificando e/ou reiterando os méritos que recebeu, procurando validação é porque, provavelmente, se sente desconfortável com algo que fez neste tocante. Digo isso por experiência própria. Se/quando faço isso é porque preciso que outra pessoa me convença de que algo que fiz, e sei que está errado, não foi tão ruim assim – ou até mesmo bom. Independente se em contextos maiores ou menores. Não importa!


Onde estão os psicólogos outra vez?

E o mais engraçado é que se trata de uma pessoa próxima, sobre a qual tenho bastante apreço nos mais diversos campos.


No fundo, o que pesa é que acabo interpretando o seguinte: Quem tem um olho é rei. Quem sabe uma palavra (na terra dos iletrados) é poliglota. Quem soma 2 e 2 é gênio. Quem fala x no lugar de y onde ninguém sabe o que é o quê, é superdotado. Resultado: mediocridade.


Quem conhece, sabe. Poucas coisas me decepcionam mais do que a dita cuja. Sei lá... No fundo, acho que sou extremamente chato mesmo. Só que, como estou longe de tudo e de todos e precisava extravasar isso – aí está.


O pulo do gato está por vir... Depois de toda a irritação e decepção, o ser aqui trái sua individualidade (?), engole a crítica e nada diz. Tudo em prol da sociabilidade! Crise essencial? Um pouco... Mas isso é tema para outro post.


Trabalha, neurônio, trabalha!

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